DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL
Jane Difini Kopzinski
Desde a antiguidade os médicos
possuíam noções sobre a linfa e os vasos linfáticos, sendo conhecidos desde as
primeiras dissecações feitas por Hipócrates (450 a.C.) e posteriormente
Vesalius no século XVI. No século XVII, porém, foi que alguns anatomistas
descobriram e estudaram a linfa e os vasos linfáticos. Em 1651, Pecquet
observou o ducto linfático descrevendo a “Cisterna Chyli”, comprovando que o
quilo não é drenado para o fígado e sim para um local determinado que mais
tarde recebera o nome de “Cisterna de Pecquet”.
O método de Drenagem Linfática
Manual (DLM) foi desenvolvido em 1932 pelo terapeuta dinamarquês Vodder que iniciou suas experiências em pacientes acometidos
por gripes e sinusites, executando movimentos suaves de rotação nas cadeias
ganglionares do pescoço. Obtendo um grande resultado positivo e eficaz.
Na década de 60, Foldi estudou as
vias linfáticas da cabeça e suas relações com o líquor cérebro espinhal. Ele e
sua equipe desenvolveram a terapia complexa descongestiva, associando cuidados
higiênicos, o uso de bandagens compressivas e exercícios.
Hoje a DLM (Drenegen Linfática
Manual) é conhecida no Brasil e no mundo e é adotada por profissionais da área
da saúde.
A DLM é uma técnica complexa,
representada por um conjunto de manobras muito específicas, que atuam
principalmente sobre o sistema linfático superficial e visam drenar o excesso
de líquido acumulado no interstício, no tecido e dentro dos vasos.
É uma técnica de massagem
altamente especializada, feita com pressões suaves e lentas, que seguem o
trajeto do sistema linfático, aprimorando algumas de suas funções. Não deve ser
desagradável e jamais provocar dor.
Não deve ser realizada com muita
pressão, pois os capilares linfáticos serão comprimidos ou até mesmo
danificados e nada será drenado.
A DLM ajuda o corpo a drenar toxinas
e a nutrir os tecidos; melhora a oxigenação, a defesa e ação antiinflamatória
além de atuar na dinamização de todos os processos catalisadores de uma boa
cicatrização.
A DLM foi e continua a ser aperfeiçoada, adquirindo hoje
um lugar de destaque no tratamento de edemas e Iinfedemas, de modo a
tornar-se parte integrante da terapia descongestiva linfática
FUNDAMENTAÇÕES GERAIS
A pratica
correta da drenagem linfática manual (DLM) requer o seguimento
obrigatório dos seguintes aspectos:
Ø
a DLM
deve ser realizada sempre de proximal para distal (CAsLEY-SMITH et al.,
I99B) e ser iniciada pela evacuação do terminus na fossa supraclavicular
e Iinfonodos (VINAs, I998);
Ø
um
maior tempo deve ser dedicado às áreas mais edemaciadas (VINAs, l998);
o paciente. durante a aplicação de DLM, deve estar em uma posição
confortável, preferencialmente deitado com a região a ser tratada
totalmente desnuda e posicionada, de modo que a pele não fique
tensa (VINAs, l998). A elevação do segmento corpóreo também é indicada,
uma vez que a gravidade influencia o fluxo linfático (CAMARGO 8‹MARX,
2000):
Ø
para
uma prática correta, e imprescindível conhecer as diversas divisórias
linfáticas que delimitam os quadrantes Iinfáticos e os locais dos
principais grupos de infonodos superficiais (VINAS,I998). pois as
manobras da DLM devem ser feitas na direção e no sentido destes grupos do
quadrante linfático a ser drenado (KAssEROLLER,l998). Quando houver
impedimentos à drenagem linfática natural, estas deverão estimular a
mudança de direção e sentido da Iinfa para quadrantes sadios (VIMAs,
l998; CAsLEY-SMITH et al., I998), utilizando-se as anastomoses linfo-linfáticas
e os Iinfotomas de Kubik (BoRis, WEINooRF 8‹ LAsINsKi, I994);
Ø
as manobras empurram tangencialmente a pele
até o seu limite elástico, sem que haia deslizamento ou fricção sobre a
mesma (KAssERoLLER, I998);
Ø
todas
as manobras, basicamente. constam de três fases: a primeira é a do apoio
da mão e dos dedos sobre a pele da paciente, seguido pela fase ativa,
que é a de empurrar o fluido; a terceira é a fase de repouso, na qual a
pele volta sozinha à sua posição inicial, Dessa forma, os vasos
Iinfáticos terão tempo para relaxar, encher-se e possibilitar uma
melhor mobilização ao fluido que normalmente apresenta um fluxo lento
(VlršiAs, l998; HERPER'iz, 2006; LEDUc & LEDUC, l995 e l992; CAsLEY-SMITH
et al., I998; FERRANDEZ, THEYs & BoucHET, 200I; CAMARGO & MARX.
2000);
Ø
as
manobras devem ser sempre leves, superficiais, lentas, pausadas e
repetitivas. drenando apenas o líquido intersticial dos tecidos mais
superficiais do corpo e a rede de plexos linfovenosos subpapilar,
intradérmico e hipodérmico. localizados entre as camadas da pele e
hipoderme. sendo a circulação profunda ativada pelas ntercomunicações existentes e pelo
efeito da drenagem da superficie.
A drenagem
linfática manual, independentemente da escola de origem ou do estilo da
técnica, respeita a
anatomia e
a fisiologia do sistema linfático, alem da integridade dos tecidos
superficiais, e, para tanto, deve ser executada de forma suave. lenta e
rítmica, sem causar, em hipótese nenhuma, danos ou lesões aos tecidos
e, tampouco, dor ao paciente
INDICAÇÕES:
- Pré e pós-cirurgia plástica
- Tratamentos de revitalização facial e estética
corporal (melhora celulite, diminui a
- retenção hídrica).
- Linfedemas (Edema/inchaço de uma parte do corpo
devido a uma acumulação de
- fluído linfático. É uma deficiência do Sistema
Linfático)
- Lipedemas (Acúmulo anormal de gordura sob a pele, geralmente
localizado na perna,
- entre a panturrilha e o tornozelo)
- Fleboedemas (Edema devido ao mau retorno venoso)
- Edemas pós-operatórios e pós-traumáticos
- Edemas cíclicos idiopáticos, pré-menstruais,
intragestacionais e outros
Atualmente a técnica de drenagem linfática manual
difundiu-se por todo o mundo e é utilizada em diversos serviços de saúde para o
tratamento de muitas patologias.
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